eis
a
lacuna
as coisas
nunca
serão
como
antes
como aquele período
de risos
inocência
e
de uma
inata
vontade
grita
o
desinteresse
as tentativas
de se
ter
emoção
resultam
em uma
pálpebra
mais
cansada
não entendo
se foi
o mundo
que
mudou
ou sou
eu
destoando
em outro
acorde
a chuva
segue
cumprindo
seu
papel
como
parquímetro
desta
depressão
súcubo e/ou só você
Três horas da manhã.
Você está em cima de mim.
Suas mãos neuróticas e sempre bem afeiçoadas apertam meu pescoço.
Suas unhas constrangem minhas carótidas e jugulares.
As aranhas que cultivo no meu quarto não fazem nada.
Meu cachorro cego e gagá não faz nada.
Perco o ar.
Agonizo
Constato, por inoportuno, que sua feição de ódio é mais interessante do que a de prazer.
Sinto no seu gozo gosto de ambição e vaidade.
Não são pecados meus. Ao menos estes não.
Morro.
Sem cruz.
Sem ascensão.
E levanto.
Tonto, com fome e constipado.
Dou uma tragada em um cigarro eletrônico de menta que ainda não diz como vai ferrar comigo.
Nicotina.
Você não está mais ali.
Não sei se esteve.
Nunca soube como era sua verdadeira forma.
Eram muitas camadas.
Roupa por cima da pele.
Pele por cima de carne.
Carne por cima de osso.
Osso por cima de mim.
Deus acima de todos.
E eu afetuoso ao arquétipo satânico.
Retomo meu manco equilíbrio mental.
Meu cão me olha irritado posto que amolei seu sono.
E volto para cama.
Com a medíocre certeza de que ao menos alguém superou nosso lindo caso de terror.
Com que frequência você diz “não” para aquilo que interfere em seus objetivos?
Uma vez a cada 7 anos.
Ventos e pampas
Não tenho tempo desidioso para me arrepender
Os erros agonizantes são acertos de aprendizado
Indômito, às vezes me preocupo mais com a forma do que o conteúdo
E esse pensamento mestiço é o que envaidece meu feudo
Neste tratado de Tordesilhas, metade é teu e o que sobra também
Épico é o filtro de adjetivos que não é dono de ninguém
Farrapos de poemas nesta senda separatista
O contrabando de ideias e a eclosão de novas degolas terapêuticas
Pense melhor antes de fazer uma piada arrogante e prepotente
Nós somos muitos e nossa maldade é conhecida desde os primórdios
Mas não sabemos lidar com nossas próprias bolas
É o paradoxo de quem escreve só para sobreviver ao tédio e à doença cruel da solidão
Qual habilidade secreta você gostaria de ter?
Voltar ao passado e fazer tudo exatamente igual.
Qual é seu tipo de clima favorito?
Clima hostil
blonde hair
na topografia
das ranhuras
de sua pele
há alguém
que não eu
mas isso
nem me importa
tanto
sua presença
em suas várias
deliciosas
maneiras
era minha
mais genuína
amizade
sem toque pérfido
sem vacilo
além de todos
aqueles
que nos
permitimos
fomos exterminados
pela distância
pelo tempo
pela guerra
de
mentiras
mas isso
não ofusca
a letra samaritana
desta declaração
de amor
farto de tanto querer
iniciado
por entidades
fictícias
que não
me deixam
em paz
tomo cuidado
com o que quero
pois quando consigo
não me satisfaz
vela
sangue de border
pena de carcará
cristal raro
quando começo
a descida
até não aguentar
não
paro
esse delírio
por ter
corpo
alma
e
total
governança
é fugaz
acontece
tem seu ápice
e depois
me
cansa
e lá vem
Schopenhauer
e a sinfonia
de
Mahler
me lembrar
com
austeridade
que onde
eu pertenço
é no fim
da
Vontade
zolpidem
a pupila contrai e dilata
não, não é flashback de lsd
não é alteração mediúnica
é sono
você não me deixou dormir
e eu sequer sei como você é
o que pensa sobre mim
se um dia escreverei epopeias sobre nossas aventuras
ou se você suportaria minha sensibilidade desconfortável
estou aqui
há muito
em piloto automático
de sentimentos conflituosos
pensamentos poéticos
e muito barulho
no lado direito
da cama
é sono
obsessão
e talvez
nada mais
meus piores versos
você não é
uma
obra de arte
tenho convicção disso
quando ouço
Chet Baker
sem amor
nenhum
em mim
e na esteira do
English Tea nº01
penso
no
rabisco
pelo
qual
entreguei
meu
escasso
talento
assim
agourento
eu lhe
dedico
o prêmio
não ganho
o apelo
físico
supervalorizado
e toda
costura
social
que não
enfrentei
o poema
acaba
mal
eu
sei
porque
antes
que
eu
novamente
te
ataque
ambos sabemos
você não é
uma
obra de arte
Diga uma palavra que descreve você.
Misantropia
morgue
nos dias
infrutíferos
no leito de hospital
pensava em você
como seria
ao lidar
com a notícia
ocasional
da minha
morte
se deitaria
uma
lágrima
de
vertigem
e ao
mesmo tempo
alívio
se ingressaria
numa
bad vibe
como se
oportuno
fosse
se diria
irônica
“morreu jovem”
“viveu intensamente”
“vida que segue”
se recordaria
nostálgica
do meu
sadismo
e das
minhas
artérias
manipuladoras
por um instante
quis morrer
só
pra
poder
te
testar